TE TCHI

Este tema é muito importante e está profundamente relacionado com a prática de Tchi Kun pelo terapeuta, é uma maneira de mostrar a importância desta arte milenar. Para o desenvolvimento de um tema tão importante, contamos com a colaboração do Mestre Liu Chih Ming que narrou este artigo.

O mestre Liu nasceu na República Popular da China em Tai Yuan (província), tem 48 anos e está radicado no Brasil há 16 anos, cursou Faculdade de Medicina Tradicional Chinesa em Taiwan, é vice presidente da Associação de Medicina Chinesa e Acupuntura da América do Sul (AMECA) e é diretor científico e cultural da Confederação Nacional de Acupuntura e Terapias Afins (CONAT).

A acupuntura, parte importante do tratamento em Medicina Tradicional Chinesa, foi citada nos escritos antigos do Huang Ti Nei Ching onde também estão descritas as técnicas de manipulações e as direções das agulhas que em conjunto com a energia do terapeuta é a essência da acupuntura, cujo princípio fundamental é harmonizar o Yin e o Yang e o controle do fluxo energético nos meridianos. Para que a harmonização ocorra é importante que a agulha ao ser estimulada ocorra o Te Chi, este é o segredo para o sucesso do tratamento, existe um ditado antigo que dizia:
“A energia quando chega mais rápido na agulha agiliza o efeito terapêutico, porém quando este efeito não ocorre ou demora, o efeito do tratamento será tardio“. Te Chi é a sensação que é experimentada após a inserção da agulha pelo paciente e também pelo acupunturista.

Existem quatro tipos de sensação que podem ser sentidas pelo paciente:
– Suan – sente-se como se a agulha tivesse atingido um nervo, como no caso do nervo de um dente exposto.
– Tsan – sensação de plenitude.
– Tsun – sensação de peso.
– Má – sensação é de um formigamento ou choque.

O acupunturista sente como se a agulha ao aprofundar-se no ponto, ficasse presa “sensação do peixe que mordeu a isca”, isto é o Te Chi. Desde a antiguidade os mestres em medicina chinesa avaliavam o nível do acupunturista pela qualidade do Te Tchi obtido por ele. No Ling Shu (livro antigo que faz parte do Nei Ching – Tratado Interno) existem comentários a este respeito “O acupunturista de nível mais baixo só sabe colocar agulha no ponto, o verdadeiro acupunturista de nível mais alto obtém o Te Tchi.

Após inserção é preciso obter o Te Tchi antes de retirar. O acupunturista precisa de serenidade , pureza de espírito e concentração para sentir o verdadeiro Te Tchi. Quando a sensação não é obtida, as agulhas devem permanecer por mais tempo dependendo das condições da saúde do paciente. Se no momento que o paciente estiver com as agulhas, não sentir o Te Tchi será preciso estimular as agulhas. Existem cerca de 10 métodos de estimulação. Quando se quer atingir um local distante do ponto colocado é preciso fazer a energia caminhar até lá através de um estímulo, isto chama-se “Chie Chi”. Existem outros aspectos da acupuntura a serem considerados, um deles é que um bom acupunturista coloca um menor número de agulhas.

O acupunturista também precisa saber distinguir a energia do paciente, exemplo (quando a energia chega a sensação da agulha é de profunda e presa e quando a energia não chega a sensação é de vazio e agulha parece solta). A sensação do Te Tchi também está relacionada com a respiração do paciente e o horário em que foi feita a aplicação. Mestre Liu sugere uma técnica para se obter o Te Tchi, bater ou beliscar no ponto escolhido antes da inserção, coloca-se o dedo para sentir a pulsação ai então desinfeta-se o local e coloca-se a agulha, estimulando assim, obtém-se o Te Chi rapidamente.

Porém segundo o Mestre Liu um dos aspectos mais importantes deste processo de busca do Te Tchi é a qualidade de energia do acupunturista que depende da prática do Tchi Kun. Só com esta prática o acupunturista poderá obter a energia pura, a concentração adequada e a serenidade necessária para elevar sua energia ao nível mais alto e realizar uma aplicação com bom resultado.

LIU CHIH MIN
(Boletim do Tchi Kun, www.ibrachi.com.br)